Transformaram o Brasil numa prostituta ideológica

*Júlio Prates

As recentes declarações do Deputado Eduardo Bolsonaro sobre a China, a reação alvoroçada sobre a embaixada chinesa e a posição do Itamaraty, abriram um debate ideológico sem precedentes em nosso país. Praticamente toda a grande imprensa, os ditos formadores da opinião pública do país, pateticamente crucificaram Eduardo Bolsonaro sob o argumento de que suas declarações afetariam as relações comerciais do Brasil com a China.

Entretanto, esse debate tem outro viés. Poderia encetar um debate filosófico, onde estão presentes sofismas, paralogismos e aporemas. Um debate sociológico, especialmente acerca das relações chinesas entre os meios de produção, mão de obra e um debate, essencialmente, de ciência política, onde entra em pauta o exercício do poder, com reflexões de Maquiavel aos modernos constitucionalistas que refletem sobre o referido exercício do poder, especialmente Gaetano Mosca e por que não, o jus-filósofo Norberto Bobbio?

É comum, muito comum, pais aceitarem a prostituição das filhas e justificam a aceitação sob o argumento de que “ela bota dinheiro na casa e na família”.

É comum, diversas sociedades aceitarem o dinheiro do tráfico de drogas, e o fazem de bom grado, afinal o tráfico injeta dinheiro nas famílias, distribui cestas básicas e fomenta pequenas economias familiares, assim como grandes.

Ficaria apenas nesses dois exemplos, embora pudesse citar dezenas deles e abrir o debate por diversos enfoques. Entretanto, sendo um artigo breve para o blog, o faço de forma sintética, abreviada e na rapidez da telemática.

As minhas perguntas são:

Onde residem as mentiras de Eduardo Bolsonaro?

Ele está atacando injustamente a China?

Seus argumentos são falaciosos?

Ele merece esse linchamento midiático?

Não. Eduardo Bolsonaro apenas pôs o dedo na ferida. Falou o que todos sabem sobre a China, mas que calam por conveniência, cinismo, hipocrisia e acreditem … por simples prostituição.

Os valores da democracia, que tanto pregamos, são universais ou só valem em nossa casa?

A China é um país ditatorial, mantém o povo subjugado, oprimido, faz uma exploração da mão-de-obra sem precedentes na era termo-nuclear, enriqueceu uma elite burocráticas às custas do prestígio do Partido Comunista, viola constantemente regras de direito internacional público e privado, não assegura direitos e garantias individuais ao seu povo, massacra e fuzila com a mesma facilidade quem diverge do regime, sufoca manifestações que editam o contraditório e impõe a teoria do pensamento único, com culto à personalidade dos ditadores e submissão total as diretrizes do partido comunista, cujas regras vem se estendendo, especialmente a partir de Mao Tsé Tung (aquele que provocou a morte de 70 milhões de inocentes). Ademais, trata-se de país que não admite liberdade de imprensa, de opinião e nem do livre pensamento, onde jornalistas, escritores, médicos e advogados(…), que divergem do regime, são logo calados, trucidades e assassinados. Livre pensar, somente se for para elogiar os feitos do PCC.

A imprensa brasileira, hipócrita, as elites cínicas, sequer analisam conteúdo e prendem-se na forma, no superfical, no aparente, afinal, proclamam, é o maior parceiro comercial do Brasil, é quem mais compra e mais injeta dinheiro em nossa economia. Poucos refletem que o dinheiro chinês é sujo, que tudo que vem da China é marcado com sangue, opressão e ditadura. Preferem a comodidade do lucro a priorizar valores que deveriam ser universais, tais como a democracia, os valores fundamentais da pessoas humana, o respeito à vida, à dignidade das pessoas, a valorização e o reconhecimento do trabalho.

Ao preocupar-se com a dominação tecnológica expressa na internet 5G, Eduardo Bolsonaro demonstra um patriotismo incrível, um visão lúcida e uma clareza escorreita, afinal que elementos sociológicos, fisolóficos, de ciência política, econômicos (…) temos para confiar num país que vive da espoliação e do banditismo estatal?

Está certo o Itamaraty em não condenar o deputado brasileiro. Agora, patético, é assistirmos à apologia que as esquerdas, a quase totalidade da mídia, boa parte da opinião manipulável nacional, ao discurso do embaixador chinês. Se um embaixador brasileiro dizesse isso na China, na mesma hora estaria num avião rumo ao Brasil (ou até preso).

Entendo a pressão em cima do governo brasileiro. Não é fácil lidar com quem coloca o lucro acima de Princípios. Será mesmo que o Brasil precisa da China para existir ou China existe porque aqui encontra um povo submisso, acrítico, subserviente e facilmente dominado e manipulado?

Nunca tinha assistido tamanha manifestação nacional de submissão e chauvinismo. Nunca tinha visto onda tamanha de submissão à ditadura como essa. E dizer que os submissos e chauvinistas, aqui em nosso país, defendem com unhas e dentes a democracia como valor universal, assim como os direitos e as garantias constitucionais fundamentais … o que vale para nós, não vale para a China. Temos uma legião de sofistas e adeptos de paralogismos.

Tristeza tudo isso.

Vergonha nacional. Ainda bem que existem homens de fibra e ética universal como Eduardo Bolsonaro. Do contrário, estaríamos todos vendidos aos chineses, submissos ao argumento de que eles botam dinheiro aqui, como os traficantes que doam cestas básicas e como os pais que aceitam a prostituição das pobres e indefesas filhas, sob o argumento de que elas colocam dinheiro na economia familiar.

Vivi para ver tudo isso.

*Advogado, sociólogo e jornalista. Pós-graduado em Análise de discursos, leitura, releitura, escrita e reescrita textual.

Sobre Sebastião Melo

Sebastião Melo

Conheci o Sebastião Melo nos idos de 1984/85. Foi nosso colega de universidade, já era líder estudantil na época, porém, ligado a um grupo político diverso do nosso. Era ele, o Pitol e o pessoal do Canoas, o Sérgio Russo, a turma do Zambiasi, Ivo Lech (cadeirante), Manfroi … Do nosso grupo, era eu, Jairo Bisol, Vladimir Barreto, Suzana Gauer Vieira, Gerson Peres … são todos doutores, hoje, em Filosofia, exceto o Jairo que é Procurador no DF, em Brasília, e Doutor em Direito. Eu fiquei na sociologia e depois fui para o Direito. Entre ida e vindas entre São Paulo e Brasília, levei 15 anos para fazer o curso de Direito. Por obra do destino, fiz as últimas cadeiras que me faltavam para completar o curso de Direito aqui na URI, e sou muito grato ao carinho e a receptividade da Professora Michele Noal, uma personagem rara, boníssima.

Sebastião Melo era uma pessoa extremamente singela. Dócil, falava manso, não gritava por nada. Dizia que fazia uma política simples e definia-a: “arroz com feijão”. Tinha uma revenda, uma pequena revenda ali nas imediações da Voluntários. Se não me falha a memória, era natural do Centro-oeste, Goiás, algo assim. Era uma pessoa muito pobre e excessivamente singela. Não sei até hoje como caiu em Porto Alegre.

É advogado, daqueles dos tempos em que não havia exame de ordem. Bastava ser formado em Direito.

Sempre viajava conosco, apesar das divergências ideológicas com nosso grupo, nos idos dos anos 80.

Até acho que ganha a eleição da Manuela. É manso e humilde de coração. Se votasse em Porto Alegre, com certeza, votaria nele. Não voto. Mas torço por ele.

Candidato que não se desincompatibilizou em tempo hábil

O candidato João Alberto, do PP, por exercer o cargo de diretor da guarda, aplicar a validar multas, teria que se desincompatibilizar 6 meses antes da eleição. Não o fez. Fez apenas 3 meses antes; tenho o ato de exoneração dele, assinado pelo prefeito Tiago, dia 13 de agosto e já entregue ao Ministério Público Eleitoral.

A AIME deve ser proposta até 15 dias após a diplomação. Se acolhida a ação, o PP perde a votação dada ao candidato e pelos novos cálculos entre o candidato Bueno, do PT.

Drummond e o pós-eleições

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?


Passaram-se as eleições municipais. As relações inter-pessoais terminaram. Os amigos sumiram. A ideologia morreu. Os grupos de whatsapp desapareceram.

Domingo. Acordo um tanto sem rumo. Fico e refletir na fragilidade das relações. As convicções não resistiram a um resultado desfavorável. Quando tudo deveria ser motivo de unidade, tudo passou a ser motivo de dispersão.

As pessoas são movidas por interesses. Fico a observar. Vale quanto banca. Nascemos sós. Vamos sós. Triste – mas real – constatação. Pensei em almoçar. Mas a depressão da solidão assusta. Tristeza. E agora José?