PEC que desobriga inscrição em conselho profissional ‘cala a advocacia’, diz OAB

Site Terra – Pepita Ortega

PEC 108, que desobriga a inscrição em conselhos profissionais, é um “ataque a mecanismos que protegem o cidadão”, afirma a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em nota divulgada na terça-feira, dia 16, a diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB indicam que a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, “silencia as entidades” e “cala a advocacia”.

O texto de Guedes foi enviado à Câmara no dia 9 de julho e dispõe sobre “a natureza jurídica dos conselhos profissionais”.

A proposta tem como objetivo “consolidar o entendimento de que os conselhos profissionais não integram a estrutura da Administração Pública” e “definir parâmetros e limites para criação das entidades de fiscalização com base em critérios da doutrina da regulamentação das profissões”.

A OAB afirma que a PEC foi apresentada “sem qualquer debate com os conselhos ou outros setores da sociedade”. Para a entidade máxima de representação dos advogados e que regulamenta o exercício profissão no País, a proposta “ceifa um dos mais importantes instrumentos de defesa da sociedade na fiscalização profissional”, “engessando” e “silenciando” os conselhos.

A OAB indica que a PEC questiona a validade atual dos conselhos e argumenta que esteve à frente em “questões fundamentais para o avanço da democracia”, entre elas a defesa da criminalização do caixa 2 e as medidas de combate à corrupção.

A Ordem destaca que a “fiscalização do exercício profissional não é obstáculo, e sim instrumento de fortalecimento das atividades e dos serviços prestados à sociedade”.

“A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais se opõem a qualquer mudança tendente ao enfraquecimento da instituição e repudiam veementemente a tentativa de se fazer calar a voz da advocacia e lesar o cidadão. Sem respeito às instituições, nenhum país se desenvolve de forma equilibrada” afirma o texto.

Com relação à advocacia especificamente, a entidade ressalta que a OAB está inserida na Constituição Federal “com a clara intenção de proteção do Sistema Federativo e do Estado Democrático de Direito” e que a proposta significa “a tentativa de desmonte de todo um sistema que zela pela qualidade da advocacia”.

Para a entidade, a PEC ainda “busca atingir um dos maiores mecanismos de fomento da excelência profissional”, o Exame de Ordem. A OAB indica que “confia que o Congresso Nacional rejeitará integralmente a PEC 108, mantendo a independência dos órgãos e das entidades profissionais”.

Confira a íntegra da nota da OAB

“PEC 108: objetivo é calar a advocacia e desproteger o cidadão

A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, em face da Proposta de Emenda à Constituição 108/2019, que dispõe sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais, alertam que a proposta é diametralmente oposta à intenção de promover o desenvolvimento econômico.

Apresentada sem qualquer debate com os conselhos, incluindo a OAB, ou outros setores da sociedade, a PEC traz na sua essência um ataque a mecanismos que protegem o cidadão.

Ao desobrigar os profissionais da inscrição em seus respectivos conselhos, a proposta ceifa um dos mais importantes instrumentos de defesa da sociedade na fiscalização profissional, com o claro e único propósito de engessar e silenciar as entidades.

A Ordem dos Advogados do Brasil tem um longo histórico de relevantes serviços prestados à sociedade brasileira em seus mais de 88 anos de existência.

Constitucionalmente vocacionada a se manifestar em nome e em defesa da sociedade civil, tem firme atuação por um Estado Brasileiro independente e democrático, sem amarras e subserviências.

Para citar exemplos contemporâneos, dado que a PEC implicitamente questiona a validade atual dos conselhos, a OAB esteve à frente em questões fundamentais para o avanço da nossa democracia: a defesa da criminalização do Caixa 2; as medidas de combate à corrupção; a campanha pela aprovação da Ficha Limpa; a manutenção das garantias individuais mais caras ao Estado Democrático de Direito; além da atuação vigilante e permanente em todas as unidades da federação. Todas essas ações são parte do constante trabalho por um país menos desigual e por uma justiça que atenda os interesses da sociedade.

Em resumo, trata-se do anteparo à força desproporcional do Estado e dos grupos detentores de poder efetivo contra o cidadão comum, individual ou coletivamente.

A PEC flerta gravemente com o desrespeito à Lei Magna ao ignorar, ressalte-se, que a Ordem está inserida na Constituição Federal com a clara intenção de proteção do Sistema Federativo e do Estado Democrático de Direito, sendo-lhe outorgada capacidade postulatória para ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade. Por seu reconhecido papel social, o Supremo Tribunal Federal lhe conferiu características sui generis.

Mas a proposta apresentada pelo governo também significa a tentativa de desmonte de todo um sistema que zela pela qualidade da advocacia. A Ordem é responsável por uma rede protetiva para os advogados, que hoje sofrem as consequências da grave crise econômica que atinge o país – e que não dá sinais de trégua. Da mesma forma, a PEC busca atingir um dos maiores mecanismos de fomento da excelência profissional, que é o Exame de Ordem. Diante da multiplicação sem precedente dos cursos de graduação em Direito, nem sempre amparados nos devidos parâmetros de qualidade, o Exame é hoje a forma de garantir o mínimo de qualidade dos profissionais que vão servir à sociedade.

A fiscalização do exercício profissional não é obstáculo, e sim instrumento de fortalecimento das atividades e dos serviços prestados à sociedade.

A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais se opõem a qualquer mudança tendente ao enfraquecimento da instituição e repudiam veementemente a tentativa de se fazer calar a voz da advocacia e lesar o cidadão. Sem respeito às instituições, nenhum país se desenvolve de forma equilibrada.

A Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da diretoria do Conselho Federal e do seu Colégio de Presidentes, reafirma sua confiança de que o Congresso Nacional rejeitará integralmente a PEC 108, mantendo a independência dos órgãos e das entidades profissionais, que sempre prestaram relevantes serviços para o Brasil e para a cidadania.”

Com a palavra, o Ministério da Economia

O Ministério da Economia indicou à reportagem que o objetivo da PEC 108 é uniformizar o entendimento acerca da natureza jurídica dos conselhos profissionais.

Um dos dois artigos da Proposta é: “os conselhos profissionais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam em colaboração com o Poder Público”

Segundo a pasta, essa determinação mantém a autonomia dos conselhos e traz uma segurança jurídica para a Administração Pública, para os próprios Conselhos e para a sociedade.

Já a outra indicação da proposta enviada por Guedes à Câmara diz: “a lei não estabelecerá limites ao exercício de atividades profissional ou obrigação de inscrição em conselho profissional sem que a ausência de regulação caracterize risco de dano concreto à vida, à saúde, à segurança ou à ordem social”.

Segundo o ministério, a proposta está em linha com o texto constitucional no artigo 5 inciso 13 – “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A pasta também diz que a lei já estabelece os critérios quando necessários ao exercício profissional.

Por fim, o Ministério indicou que o assunto que esta no início da tramitação e vai ser debatido no Congresso Nacional, “um espaço plural onde as medidas são tratadas”.

Como votaram os deputados federais gaúchos na reforma da previdência

Afonso Hamm (PP) – SIM
Alceu Moreira (MDB) – SIM
Bibo Nunes (PSL) – SIM
Carlos Gomes (PRB) – SIM
Daniel Trzeciak (PSDB) – SIM
Danrlei de Deus Hinterholz (PSD) – SIM
Darcísio Perondi (MDB) – SIM
Giovani Cherini (PL) – SIM
Giovani Feltes (MDB) – SIM
Jerônimo Goergen (PP) – SIM
Liziane Bayer (PSB) – SIM
Lucas Redecker (PSDB) – SIM
Marcel van Hattem (NOVO) – SIM
Marcelo Moraes (PTB) – SIM
Márcio Biolchi (MDB) – SIM
Marlon Santos (PDT) – SIM
Maurício Dziedricki (PTB) – SIM
Nereu Crispim (PSL) – SIM
Onyx Lorenzoni (DEM) – SIM
Pedro Westphalen (PP) – SIM
Sanderson (PSL) – SIM
Santini (PTB) – SIM

Afonso Motta (PDT) – NÃO
Bohn Gass (PT) – NÃO
Fernanda Melchionna (PSOL) – NÃO
Heitor Schuch (PSB) – NÃO
Henrique Fontana (PT) – NÃO
Marcon (PT) – NÃO
Maria do Rosário (PT) – NÃO
Paulo Pimenta (PT) – NÃO
Pompeo de Mattos (PDT) – NÃO

Dos 31 deputados da bancada gaúcha, 22 votaram a favor da PEC 06/2019, a reforma da Previdência. Outros nove foram foram contra. O texto-base da reforma foi aprovado na noite desta quarta-feira por 379 a 131

BANCADA DO SIM – GAÚCHOS

Na bancada gaúcha, votaram sim: Afonso Hamm (PP), Alceu Moreira (MDB), Bibo Nunes (PSL), Carlos Gomes (PRB), Daniel Trzeciak (PSDB), Danrlei (PSD), Darcísio Perondi (MDB), Giovani Cherini (PL), Giovani Feltes (MDB), Jerônimo Goergen (PP), Liziane Bayer (PSB), Lucas Redecker (PSDB), Marcel van Hattem (Novo), Marcelo Moraes (PTB), Márcio Biolchi (MDB), Marlon Santos (PDT), Maurício Dziedricki (PTB), Nereu Crispim (PSL), Onyx Lorenzoni (DEM), Pedro Westphalen (PP), Sanderson (PSL) e Santini (PTB)

BANCADA DO NÃO – GAÚCHOS

Já Afonso Motta (PDT), Bohn Gass (PT), Fernanda Melchionna (PSol), Heitor Schuch (PSB), Henrique Fontana (PT), Marcon (PT), Maria do Rosário (PT), Paulo Pimenta (PT) e Pompeo de Mattos (PDT) votaram contra o texto-base.