Uma fantástica árvore frondosa, cidade dos sonhos e sonhos

*JULIO PRATES

No meio da imbecibilidade que  vivo, permito-me, com raros amigos, sonhar um mundo colorido e diferente. Um amigo, nesse recente sábado, conversando comigo, longamente, ao telefone, fez-me sonhar um sonho desses que tenho adormecido dentro de mim.

Falávamos sobre uma cidade possível. Ela é civismo e cidadania pura, incubadora de ideias, é a semente do novo, de uma nova forma de fazer política, limpa, decente, sem arranjos, sem aparências. É a política por amor, por doação, por vontade de servir e ser útil.

A sintonia do diálogo ganhou vida pela força que encontrei num magnífico arranjo da natureza.

Recentemente, fiz uma descoberta virtual, mas nem por isso, menos que uma descoberta.

Desde que eu encontrei uma fantástica árvore frondosa naquela cidade dos sonhos, vivo pensando em um dia repousar em suas sombras, tocar seus galhos e acariciar suas folhas.

Quem sabe um dia repouse nas sombras dessa árvore cuidada por Deus.  É a maldição do fatalismo, creio, Roger Garaudy.  Basta acreditar nele para ele se torne real. Então, nem tudo está perdido, e nem é um desperdício, como sentenciou o sábio jurista.

Mas também pensei numa espécie de New Beat, à Ginsberg, incorporando Bukowski, Solomon e (é claro) Jack Kerouac, uma anti-política, como foi à contracultura desses doces malditos, e partir para desconstrução de tudo, já que ando de saco cheio de ver a extensão precária de como tratamos a normalidade e a anormalidade. Política tosca. Mediocridade, troca de favores. Política. Economia, psicologia …

… O mundo jurídico é tosco. Sábios, são raros. Eu que li toda a obra de Foucault, que estudei anti-psiquiatria e sei quase tudo de Cooper e Laing, tenho que ficar ouvindo aspectos dessa medíocre psicometria americana.

Andando saturado, só essa maravilha da natureza me faz sonhar. Ali me sinto em paz com meu panteísmo, voo até mais perto de Nina. Mas também quero algo diferente. Fora do convencional.

Anti-política, anti-psiquatria, contracultura. Eu sou um pouco de Cooper, mas com uns traços do velho Bukowski, que é um perigo … razão e loucura.

Sartre já sentenciou: Qualquer classificação de alguém sem seu consentimento é uma violação de sua integridade. Talvez seja por isso que Camus tanto odiava os juízes.

Eu fico pensando na pretensão de certos imbecis que usam a psicologia para forjarem laudos, e penso ainda em juízes e promotores que querem encaixar as pessoas dentro de um esquema lógico-formal aristotélico, como se tudo fosse suscetível de ser padronizado, até o comportamento e as almas.

Quando eu lia Bukowski, muito jovem ainda, pensava numa sociedade de luzes, no futuro; e o que encontro é meu desgosto. Retrocesso, atraso, fundamentalismo, preconceito, mediocridade que grassa.

Já passei a fase de Roland Barthes, agora estou mesmo é para Bukowski. E o meio ambiente não me sai da cabeça, passei a amar uma árvore, com um sonho de nela repousar…tocar seu caule, acariciar suas folhas, usufruir da mansidão de sua sombra.

O sonho

Discutir normalidade e anormalidade. De que interessa se encantei-me por uma árvore. Os que leem Harold Bloom, sabem o que escrevo. Nem sei se os moesistas, que deveriam também ser cabalistas, me entendem. São raros. O corpo hermético bíblico não os permite voarem além de suas verdades sacrossantas e leituras óbvias do que é como está.

Eu voo. Solitário. Sinto a falta de minha filha. Repouso dentro de mim mesmo. Penso em flores coloridas, nos canteiros e nessa árvore linda e frondosa, presente da mãe natureza …

Sonhar, vale a pena. Sempre me ocorre Fernando Pessoa: tudo vale á pena quando a alma não é pequena. Por que não?


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de editor/jornalista nº 908 225, Sociólogo e Advogado, Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia. 

 

SANS FAÇON

*JULIO  PRATES

 

A célebre escritora francesa Simone de Beauvoir, companheira do filósofo existencialista Jean Paul Sarte, ao escrever acerca da obra de Marques de Sade “Os 120 dias de Sodoma”, observou que permanecemos incrédulos entre duas fantasias que Sartre tenta descrever: crueldade e torpeza.

E vai mais longe a escritora: Até que ponto ele os praticou ? É um grito que se estende desde Marselha as escrementosas orgias dos 120 dias de Sodoma.

O livro do Marques de Sade, que deu origem ao filme bem conhecido  nosso, “ Saló, 120 dias de Sodoma”, retrata um período onde o sexo era o cotidiano das pessoas que se entregavam a orgias por pura satisfação bestial de seus instintos e prazeres incontidos.

O que se supõe é que Sade (deriva-se dele a expressão sadismo) tenha em tese praticado tudo o que relata o livro. Entretanto, Simone de Beauvoir lança uma dúvida: “ até que ponto ele praticou e até que ponto ele fantasiou”?

A propósito da fantasia, a fertilidade imaginária corre solta.

Quando me contam do absurdo que propagam sobre minha pessoa, lembro-me dessa construção confusa que mescla realidade e fantasia.

Contudo, lembro aos escarnecedores, aos que dão falso testemunho, aos que mentem no poder judiciário na cara do juiz e do promotor, que eu sou a realidade, não sou a fantasia, minhas ações não são fruto da imaginação, vou na fonte, cato provas por conta, não pararei enquanto não desmentir mentira por mentira. E como disse Vergílio em Éclogas, TRAHIT SUA QUEM QUE VOLUPTAS, ou seja, cada um  é arrastado pelos seus pendores. E como para o bom entendedor meia palavra basta: SANS FAÇON.


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de editor/jornalista nº 908 225, Sociólogo e Advogado, Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia.