“Defensoria Pública da União pode fechar 43 unidades”

GAZETA DO POVO

“Cerca de 60% das unidades da Defensoria Pública da União (DPU) no interior do país correm o risco de suspender o atendimento por falta de recurso humanos. Funcionários do Executivo federal que atuam emprestados para a Defensoria deverão retornar aos seus postos até o dia 27 julho. Ao todo, 828 servidores foram chamados a voltar aos seus órgãos de origem, como o Ministério da Economia. A DPU tem 70 unidades espalhadas pelo Brasil e a medida afeta 43 postos.”

Guedes cede e fim de inscrição obrigatória em conselhos não atingirá OAB. Secretário vai discutir com presidente da OAB uma nova redação para a medida

UOL / Folha de São Paulo / MÔNICA BÉRGAMO trouxeram as notícias. A Folha trouxe a matéria em primeira mão. O governo pode meter a mão com esses conselhos que e acham autarquias, como o conselho federal de psicologia. Também concordo que é preciso colocar ordem nessa zorra. Agora, com a OAB o furo é mais embaixo. Bolsonaro e Guedes recuaram, a OAB tem papel constitucional fundamental para o funcionamento da Justiça em nosso país. O exame de ordem é um filtro necessário, embora a OAB vá precisar rever o abuso do preço da mensalidade. Isso não tem fundamento, é alto demais e não existe contrapartida nenhuma, especialmente para os advogados que não vivem nas capitais e regiões metropolitanas.

Vitória da OAB.

PEC que desobriga inscrição em conselho profissional ‘cala a advocacia’, diz OAB

Site Terra – Pepita Ortega

PEC 108, que desobriga a inscrição em conselhos profissionais, é um “ataque a mecanismos que protegem o cidadão”, afirma a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em nota divulgada na terça-feira, dia 16, a diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB indicam que a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, “silencia as entidades” e “cala a advocacia”.

O texto de Guedes foi enviado à Câmara no dia 9 de julho e dispõe sobre “a natureza jurídica dos conselhos profissionais”.

A proposta tem como objetivo “consolidar o entendimento de que os conselhos profissionais não integram a estrutura da Administração Pública” e “definir parâmetros e limites para criação das entidades de fiscalização com base em critérios da doutrina da regulamentação das profissões”.

A OAB afirma que a PEC foi apresentada “sem qualquer debate com os conselhos ou outros setores da sociedade”. Para a entidade máxima de representação dos advogados e que regulamenta o exercício profissão no País, a proposta “ceifa um dos mais importantes instrumentos de defesa da sociedade na fiscalização profissional”, “engessando” e “silenciando” os conselhos.

A OAB indica que a PEC questiona a validade atual dos conselhos e argumenta que esteve à frente em “questões fundamentais para o avanço da democracia”, entre elas a defesa da criminalização do caixa 2 e as medidas de combate à corrupção.

A Ordem destaca que a “fiscalização do exercício profissional não é obstáculo, e sim instrumento de fortalecimento das atividades e dos serviços prestados à sociedade”.

“A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais se opõem a qualquer mudança tendente ao enfraquecimento da instituição e repudiam veementemente a tentativa de se fazer calar a voz da advocacia e lesar o cidadão. Sem respeito às instituições, nenhum país se desenvolve de forma equilibrada” afirma o texto.

Com relação à advocacia especificamente, a entidade ressalta que a OAB está inserida na Constituição Federal “com a clara intenção de proteção do Sistema Federativo e do Estado Democrático de Direito” e que a proposta significa “a tentativa de desmonte de todo um sistema que zela pela qualidade da advocacia”.

Para a entidade, a PEC ainda “busca atingir um dos maiores mecanismos de fomento da excelência profissional”, o Exame de Ordem. A OAB indica que “confia que o Congresso Nacional rejeitará integralmente a PEC 108, mantendo a independência dos órgãos e das entidades profissionais”.

Confira a íntegra da nota da OAB

“PEC 108: objetivo é calar a advocacia e desproteger o cidadão

A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, em face da Proposta de Emenda à Constituição 108/2019, que dispõe sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais, alertam que a proposta é diametralmente oposta à intenção de promover o desenvolvimento econômico.

Apresentada sem qualquer debate com os conselhos, incluindo a OAB, ou outros setores da sociedade, a PEC traz na sua essência um ataque a mecanismos que protegem o cidadão.

Ao desobrigar os profissionais da inscrição em seus respectivos conselhos, a proposta ceifa um dos mais importantes instrumentos de defesa da sociedade na fiscalização profissional, com o claro e único propósito de engessar e silenciar as entidades.

A Ordem dos Advogados do Brasil tem um longo histórico de relevantes serviços prestados à sociedade brasileira em seus mais de 88 anos de existência.

Constitucionalmente vocacionada a se manifestar em nome e em defesa da sociedade civil, tem firme atuação por um Estado Brasileiro independente e democrático, sem amarras e subserviências.

Para citar exemplos contemporâneos, dado que a PEC implicitamente questiona a validade atual dos conselhos, a OAB esteve à frente em questões fundamentais para o avanço da nossa democracia: a defesa da criminalização do Caixa 2; as medidas de combate à corrupção; a campanha pela aprovação da Ficha Limpa; a manutenção das garantias individuais mais caras ao Estado Democrático de Direito; além da atuação vigilante e permanente em todas as unidades da federação. Todas essas ações são parte do constante trabalho por um país menos desigual e por uma justiça que atenda os interesses da sociedade.

Em resumo, trata-se do anteparo à força desproporcional do Estado e dos grupos detentores de poder efetivo contra o cidadão comum, individual ou coletivamente.

A PEC flerta gravemente com o desrespeito à Lei Magna ao ignorar, ressalte-se, que a Ordem está inserida na Constituição Federal com a clara intenção de proteção do Sistema Federativo e do Estado Democrático de Direito, sendo-lhe outorgada capacidade postulatória para ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade. Por seu reconhecido papel social, o Supremo Tribunal Federal lhe conferiu características sui generis.

Mas a proposta apresentada pelo governo também significa a tentativa de desmonte de todo um sistema que zela pela qualidade da advocacia. A Ordem é responsável por uma rede protetiva para os advogados, que hoje sofrem as consequências da grave crise econômica que atinge o país – e que não dá sinais de trégua. Da mesma forma, a PEC busca atingir um dos maiores mecanismos de fomento da excelência profissional, que é o Exame de Ordem. Diante da multiplicação sem precedente dos cursos de graduação em Direito, nem sempre amparados nos devidos parâmetros de qualidade, o Exame é hoje a forma de garantir o mínimo de qualidade dos profissionais que vão servir à sociedade.

A fiscalização do exercício profissional não é obstáculo, e sim instrumento de fortalecimento das atividades e dos serviços prestados à sociedade.

A diretoria do Conselho Federal e o Colégio de Presidentes de Seccionais se opõem a qualquer mudança tendente ao enfraquecimento da instituição e repudiam veementemente a tentativa de se fazer calar a voz da advocacia e lesar o cidadão. Sem respeito às instituições, nenhum país se desenvolve de forma equilibrada.

A Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da diretoria do Conselho Federal e do seu Colégio de Presidentes, reafirma sua confiança de que o Congresso Nacional rejeitará integralmente a PEC 108, mantendo a independência dos órgãos e das entidades profissionais, que sempre prestaram relevantes serviços para o Brasil e para a cidadania.”

Com a palavra, o Ministério da Economia

O Ministério da Economia indicou à reportagem que o objetivo da PEC 108 é uniformizar o entendimento acerca da natureza jurídica dos conselhos profissionais.

Um dos dois artigos da Proposta é: “os conselhos profissionais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam em colaboração com o Poder Público”

Segundo a pasta, essa determinação mantém a autonomia dos conselhos e traz uma segurança jurídica para a Administração Pública, para os próprios Conselhos e para a sociedade.

Já a outra indicação da proposta enviada por Guedes à Câmara diz: “a lei não estabelecerá limites ao exercício de atividades profissional ou obrigação de inscrição em conselho profissional sem que a ausência de regulação caracterize risco de dano concreto à vida, à saúde, à segurança ou à ordem social”.

Segundo o ministério, a proposta está em linha com o texto constitucional no artigo 5 inciso 13 – “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A pasta também diz que a lei já estabelece os critérios quando necessários ao exercício profissional.

Por fim, o Ministério indicou que o assunto que esta no início da tramitação e vai ser debatido no Congresso Nacional, “um espaço plural onde as medidas são tratadas”.

SOBRE AS DECLARAÇÕES RECENTES DE FRAU MERKEL

*Ruy Gessinger

Penso, pedindo antecipadas desculpas a quem discorde, que a Alemanha não está em condições, como nenhum país está, de censurar nosso presidente, que recém foi empossado no cargo, com o apoio de milhões de brasileiros.

Recentemente a renomadarevista Der Spiegel publicou ampla reportagem sob o título “die fettenJahre sind vorbei” em tradução livre: “os anos gordos se foram”. Num subtítulo consta “ wir sind ärmer, als wir meinen” ( somos mais pobres do que pensamos”). E em outro parágrafo: “gastamos mais dinheiro com o passado do que com o futuro”.

Como é bem de ver, a situação não é de otimismo, pois já ouvi de várias pessoas que a Alemanha tem dificuldades.

Creio que os alemães superaram um pouco o “Schuldkomplex” ( complexo de culpa)por causa das duas guerras em 50 anos .É difícil entender como ir para uma guerra quando, mesmo que vencessem, não teriam paz, nem futuro.

Lembro-me bem que há poucos anos os atletas da seleção alemã não cantavam seu hino nacional, por medo,segundo concluo, de serem nacionalistas em excesso. Por sinal, só cantam o último verso, abandonando, com razão o “Deutschland über alles”. Ainda bem que permaneceram com um dos movimentos do Quarteto do Imperador de Joseph Hayden, que é a música do hino alemão.

No momento em que o Brasil quer parcerias, quer voltar a crescer, a senhora Merkel manifesta sua desconfiança de que vamos acabar com o pulmão do mundo.

Argumentam que, junto com a Noruega, a Alemanha manda muito dinheiro para que a Amazônia não seja dilapidada. Não saberia dizer se esse dinheiro vai para as mal explicadas ONGs ou o que. O que é óbvio é que nosso país não tolera interferências em sua plena soberania sobre seu território.

Nossas leis ambientais são rigorosas. Claro que há problemas na Amazônia, mas isso não quer dizer que queiramos sua destruição.

Por essa razão lamento, como descendente de alemães, que a senhora Merkel não tenha sido mais prudente e cuidadosa. Somos um povo afável, bom de dialogar.

O Brasil tem tudo: rios,cachoeiras, pecuária, soja e demais grãos, enormes áreas que permitem produção de alimentos naturais em escala, riquezas que poucos países têm. Mais:tem alegria!

Quando o avanço da tecnologia for corriqueiro, a briga vai ser por água e alimentos. O Brasil agora é um ótimo parceiro . E a Alemanha também o é. Parceiros não devem brigar.
Hostilizar um chefe de Estado não é bom negócio.

* Jurista. Foi Desembargador, professor da Escola de Magistratura do Rio Grande de Sul, escritor e ensaísta.