Clima é de impunidade 20 anos após morte de Dorothy Stang

Sharing is caring!

Tainã Mansani – DW

Missionária assassinada a tiros em 2005 desafiou grileiros e fazendeiros para proteger a floresta e os trabalhadores rurais. Em Anapu, no Pará, ativistas falam em “consórcio da morte” e citam “cemitério clandestino”.

Há 20 anos, seis tiros rasgaram o ar quando a missionária Dorothy Stang, 73, foi emboscada em Anapu, no interior do Pará — um a atingiu na cabeça; cinco, no corpo. Uma testemunha relatou que, diante dos algozes, ela ergueu a Bíblia e declarou: “Eis a minha arma!”.

Antes tombar naquela estrada rumo à gleba Esperança, Dorothy recitou em voz alta um versículo do Evangelho de Mateus sobre a justiça divina: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” Logo após os disparos, os assassinos fugiram, deixando seu corpo estendido no chão da floresta que ela tanto tentou proteger.

Duas décadas depois, a justiça ainda parece uma realidade distante em Anapu e a reforma agrária – uma das suas bandeiras – não foi feita. Dezenas de assassinatos em conflitos agrários seguem impunes. Além de Dorothy, os nomes de outras 19 pessoas mortas na região estão registrados ao lado da cruz onde ela foi sepultada, mas nenhum dos casos resultou em punição.

“A situação está do mesmo jeito, se não pior”, lamenta a irmã Jane Dwyer, uma das sucessoras de Dorothy na luta pela igualdade na distribuição de terras e proteção da Amazônia.

Comentar no Facebook