Egocentrismo em Piaget e a epistemologia infantil.

Sharing is caring!

*Júlio César de Lima Prates

Os mecanismos tais como: id, ego e supergo, formulações – que qualquer estudante de psicologia sabe serem de Freud, foram trabalhados pelo pai da epistemologia infantil: Piaget.

Skiner, aliás,  também trabalhou com os conceitos freudianos.

Acaso Melanie Klein, em sua vasta obra sobre EGO INFANTIL, não operou com conceitos freudianos?

Mas tem um livro de Piaget sofre a formação do Ego que eu gosto muito: Piaget, do egocentrismo. História de um conceito.

Vejamos, portanto, as anotações introdutórias do Professor Doutor em Filosofia Jair Fonzar.

O texto é do site Scielo:

“No ano de 1923 Jean Piaget pôs no prelo quatro trabalhos científicos que tiveram todos uma origem comum – as pesquisas levadas a termo por ele e por uma equipe de colaboradores na antiga “Maison des Petits” do então Instituto J.-J. Rousseau, em Genebra. Pesquisas essas realizadas no correr do ano letivo europeu de 1921-1922 e que tiveram por objeto as crianças das Classes Primárias e da Escola Maternal ligadas àquele Instituto.

Interessado em desvendar os mistérios que envolvem o processo do conhecimento humano e não satisfeito com as teorias explicativas então correntes, o jovem Piaget se lança à execução de ambicioso projeto que o haveria de absorver e o seu sempre numeroso e variado grupo de pesquisadores pelo espaço de quase sessenta anos de trabalho intenso e pertinaz.

Estas pesquisas, realizadas segundo o método do exame clínico, muito explorado pela Escola de Genebra, faziam parte de um projeto maior que ele tinha em mente. Por isso, como adverte o próprio Piaget, elas se atêm à apresentação de fatos mais do que propriamente de deduções que poderiam ultrapassar as fronteiras da psicologia da criança. Em vez de generalizações teóricas, busquem-se então nessas primeiras experiências, acima de tudo, fatos.

Dada a complexidade do problema que se pretendia resolver e tendo-se em vista a variedade de interesses resultantes das próprias pesquisas, cada um dos trabalhos, embora procedentes da mesma fonte, ressaltou um aspecto diferente do processo do conhecimento infantil”. 

Eu estudei epistemologia a partir de Japiassu. Fui fã de Piaget em minha mocidade. Depois,  quando era noivo de uma pessoa, descobri com ela esse livro e achei tão curiosa sua abordagem sobre o ego. Pois ele opera com os conceitos de Freud e os leva para o campo da epistemologia infantil.

Acho muito complexo deter o monopólio dos conceitos ou achar que só um autor detém tal verdade. Será que existe verdade? Outro dia, lendo um manifesto de juízes e desembargadores gaúchos,  enviado-me pelo amigo Karnikowiski, notei que o impasse todo estava em torno do conceito “ideologia”, usavam textualmente a expressão ideológico.

Eu respondi a ele, que é Doutor e Pós-Doutor em Sociologia, que ideologia para Marx era uma coisa e para Gramsci era outra bem diferente. Até brinquei, fiquei com a séria impressão que o autor do manifesto não conhece bem os conceitos e nem a polêmica mundial que existe em torno destes, do contrário, bastaria balizar o entendimento conceitual (ou dizer: usamos o conceito ideológico no sentido marxista da expressão ou usamos o conceito ideológico no sentido gramsciano). No caso, é óbvio que só cabia o conceito de Chauí e de Marx, foi esse o rumo indicado por Roberto Lyra Filho, seja no livro O QUE É DIREITO ou KARLMEU AMIGO, DIÁLOGO COM MARX SOBRE DIREITO.

Marilena Chauí, a musa da nova escola jurídica, que dá origem ao movimento do direito alternativo, com Roberto Lyra Filho, escreveu um livro “O QUE É IDEOLOGIA”, onde ela praticamente reproduz o conceito de Marx, de A Ideologia Alemã. Para ela, ideologia é dominação e é um contrasenso falar em ideologia dos dominados, vez que ideologia pressupõe dominação.

Na contramão, mas bem na contramão, o grande teórico italiano Antônio Gramsci, sustentou que todas as manifestações, na arte, literatura, pintura, escultura, dança, música, são ideológicas, independente de serem produzidas pelas classes dominadas ou dominantes. Imagino que o conceito de Gramsci (me parece que é Concepção Dialética da História) se aproxima muito do conceito de ideia de Hegel, li isso na Pequena Enciclopédia Hegeliana.

Tempos atrás, não faz muito, recebi em meu escritório, a visita do grande teórico: Doutor Marcelo Duarte, que me trouxe de presente, um livro em francês, História da Filosofia. Me lembrei do Marcelo agora, justamente por Hegel. Curiosa ilação. A esposa de Marcelo é juíza de direito, se não me engano em Caçapava do Sul. 

Dias atrás, casualmente para uma audiência sobre minha própria filha, voltei a reler Piaget e detive-me, especialmente em sua construção sobre o ego.


Ora, gente, agora porque um autor criou esse ou aquele conceito, isso não quer dizer que outros teóricos não tenham usado os mesmos conceitos com outros escopos, que foi o caso de Piaget que levou a discussão freudiana para a epistemologia infantil.

Apenas uma breve divagação de um blogueiro.


*É escritor, autor de 6 livros, jornalista brasileiro registrado no Ministério do Trabalho sob nº 11.175, jornalista com registro de editor internacional nº 908225, Bacharel em Direito, em Sociologia e em Teologia.  Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia Rural.

 

 

 

Comentar no Facebook