*JÚLIO CÉSAR DE LIMA PRATES
Chego nesse 2 de novembro de 2024 bastante lesionado. Minha saúde, depois da crise recente que me levou ao Hospital, nunca foi a mesma. Embora sempre medicado, sei sentir meu corpo e eu sei bem o que é recuperação plena. Converso quase que diariamente com o Dr. Aléssio Viero, que completou 95 anos. Sou, a rigor, 30 anos mais jovem que ele. Mas parece uma fantasia, sinto-me demolido internamente. E nunca mais consegui ser o mesmo.
Ainda escrevo 12 horas por dia e, embora tenha 2 livros prontos, nenhum tocou-me profundamente. Exceto, uma história bem recente, deu-me luzes para eu reescrever tudo, embora meu pique para a escrita tenha sofrido reveses.
Eu moro sozinho, vivo sozinho e passo a maior parte do meu tempo sozinho. Tenho amigos e amigas que conversam comigo pelo whatsapp, o que ainda não me gera o isolamento completo. Sou bem adaptado ao isolamento, embora a falta de pessoas seja uma constante. Mas procuro disfarçar e não demonstro para não gerar constrangimentos.
A história recente que me comoveu e deu-me luzes para reescrever tudo tem um viés à Edgar Allan Poe. Tudo foi obra do acaso, mas a história me inspirou e tem a ver com a cremação de um corpo e um velório de uma pessoa que faleceu queimada. Os fatos eram tudo o que me faltava para encaixar uma história e, imediatamente, retomei meu pique de reescrita. O curioso é o viés à Poe, com quem nunca me identifiquei e sequer li suas obras. Quando contei a versão ao meu amigo DAVI DAMIAN, Doutor em Psicanálise, na hora ele me citou POE, pois o drama do crematório e o velório, cortado pelos ruídos das máquinas crematórias, quer queiramos, quer não, acaba sempre em ALLAN POE.
Em suma, encontrei o rumo que me faltava e desde então tenho me dedicado a reescrita. Assombrosa escrita, embora boa parte dos meus escritos tenham uma conotação à Casa Soturna, de Charles Dickens, cuja obra me foi emprestada pela Dra. Marta Marchiori e ainda está comigo até hoje, embora eu a devolverei no momento oportuno.
Meus pais estão sepultados no cemitério de Santiago. Mas não sinto inspiração para visitar o seu túmulo. Eventualmente, quando vou visitar o cemitério, visito o túmulo onde estão meus pais. Embora eu seja adepto da cremação, ainda não paguei um plano local, embora minha vontade seja essa.
A mulher com quem eu me casei, dia 02 de novembro de 1980, mora em Milão, na Itália e, apesar da separação, ficamos sempre bons amigos. E certamente, não quer diálogos com Santiago. Mas é uma pessoa maravilhosa, amável e dócil.
E assim vou indo. Meu rumo é mais um livro, mas escrevo com esmero e técnica. Quero concluir esse, depois descanso em paz.
*É escritor, autor de 6 livros, jornalista brasileiro registrado no Ministério do Trabalho sob nº 11.175, jornalista com registro internacional nº 908225, Bacharel em Direito, em Sociologia e em Teologia. Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia Rural.