O recuo do presidente Bolsonaro na paralisação-geral têm sérias implicações políticas e estratégicas.
O áudio do próprio presidente pedindo recuo dos seus aliados mais fiéis, sem entrar no mérito de que a tática é certa ou não, caiu como uma bomba na cabeça de milhões de pessoas, de norte a sul do país, leste a oeste, que acreditaram no discurso presidencial.
Esses manifestantes partiram para o tudo ou nada, era vencer ou vencer.
O vídeo é um desestímulo para os empolgados que, afastados a dias de suas casas, dormiam em improvisadas barracas e gritavam epítetos: pela liberdade, pela pátria, pela família.
O programa Terça-Livre seguiu com uma transmissão ao vivo do acampamento em Brasília. As manifestações das pessoas eram de desencanto. Sem exceções.
Logo os sites defensores de Moro (antagonista) … petistas/socialista e trabalhistas, começaram a replicar o áudio fatal do presidente Bolsonaro.
Observando o movimento, nota-se que as pessoas não queriam recuo.
Bolsonaro assinou o divórcio com sua base mais fiel. Fica sem apoio e será muito complicado instar uma resistência sozinho somente com sua pequena base parlamentar.
Talvez a correlação de forças na câmara possa até lhe assegurar a não abertura de impeachment. Talvez, talvez, talvez … É tudo muito incerto e duvidoso.
Quando quiser a volta de sua base mais fiel, será ser tarde.
Bolsonaro, na leitura do seu povo, e de sua base mais magnânima, passa um atestado de pusilânime. Gostem ou não, se esse áudio for verdadeiro, é o fim de sua história e junto naufragará o sonho de uma direita no país. Todos os conservadores, agro, caminhoneiros, evangélicos e militares estarão derrotados. Não há alternativa.
Chegar ao ponto que chegaram e dar esse recuo, meu Deus, até os restos Sun Tsu devem se remexer, apesar da poeira dos 2.500 anos. Certamente, Bolsonaro não leu … ou se leu, não compreendeu nada.
Sua base não perdoa.