A DIGNIDADE INTANGÍVEL DO ESPAÇO FANTASMÁTICO, por Franklin Cunha*

A violência nas redes sociais destrói as pessoas .É preciso lembrar que cada pessoa tem uma dignidade intangível, que não pode ser tirada.

Papa Francisco

 Franklin Cunha. Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br

Operação Yakuza é um filme de 1974 estrelado por Robert Mitchum, cara de sonso e ótimo ator. O filme retrata o conflito entre os tradicionais valores japoneses durante a transição do país desde a ocupação norte-americana ao sucesso econômico do começo dos anos 70. Mitchum interpreta um detetive norte-americano que se apaixona por uma linda japonesa, supostamente vivendo com seu irmão. Com o tempo Mitchum descobre que o irmão dela era na verdade seu esposo, o qual necessitava a ajuda do americano e temia perdê-la se interrompesse o intenso episódio amoroso que se desenrolara sob seus olhos. Quando o norte-americano descobriu e reconheceu o sofrimento e a humilhação que sua paixão causou, se desculpou com um gesto tradicional japonês: amputou uma falange do dedo mínimo e a entregou enrolada num lenço ao marido traído que tudo suportou em silêncio.

Com este gesto, o amante da japonesa, dignamente lamenta a terrível humilhação e o grande sofrimento causados por ignorar a dignidade intangível do marido japonês. O que confere dignidade às pessoas é seu vital e particular espaço fantasmático e deste nunca poderemos compartilhar e muito menos invadir. Há uma maneira absolutamente pessoal, na qual cada um de nós organiza seu subjetivismo e sonha o mundo e este espaço tem um caráter ilusório, frágil, desamparado.

Foi Richard Rorty quem transportou este tipo de preocupações para o nível social, coletivo. E pergunta de que modo, sobre que bases poderemos construir uma ética democrática liberal, para os cidadãos comuns, empobrecidos depois do fracasso das políticas neoliberais nos países pobres? Como poderemos reconstruir sem traumas pessoais e coletivos, sem destruir o espaço fantasmático pensado pelo keynesianismo, que foi o da ideia de prosperidade ilimitada, de liberdade política, de segurança pessoal, de estabilidade no trabalho, depois das recorrentes e inerentes crises estruturais do capitalismo?

Hoje, vislumbram- se no horizonte da política e da economia mundiais, duas soluções – e apenas duas – para a manutenção do espaço fantasmático baseado nas leis do mercado empreendedor e competitivo: uma a via democrática, de consenso plebiscitário, de liberdades de opiniões e de amplo debate de ideias, e a outra o contrario de tudo isso, imposta por ditaduras concentradoras de renda e excludentes das populações que trabalham e produzem a enorme riqueza a mundial.

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*Franklin Cunha, médico.
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

Debilitando a filosofia, por Franklin Cunha*

DEBILITANDO A FILOSOFIA

Gianni Vattimo e “Il pensiero debole”.

2013.11.05 – Porto Alegre/RS/Brasil – Entrevista com Franklin Cunha. Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br

Desde Vico, Croce, Gramsci, Bobbio agora com Gadamer, Losurdo e Vattimo a Itália continua a nos surpreender com a grande qualidade intelectual invectiva de seus filósofos. Gianni Vattimo é um dos filósofos mais importantes do mundo. Os ensaios Debilitando a Filosofia com a colaboração de grandes figuras como Umberto Eco, Richard Rorty e Charles Taylor, todos introduzem suas ideias a um público cada vez maior na Europa. Vattimo pergunta se é possível ainda se falar de imperativos morais, direitos humanos, individuais e liberdades políticas? Reconhecendo a força do Deus que morreu de Nietzsche, Vattimo insiste e se manifesta por uma filosofia del pensiero debole, “pensamento débil”, onde afirma que valores morais podem existir sem ser garantidos por autoridades externas. Sua interpretação secularizante acentua elementos antimetafísicos e coloca a filosofia em relação com a cultura pós-moderna.

Vattimo explica que a expressão pensamento débil foi tirada de um ensaio de Augusto Viano, onde este anuncia especificamente que nunca ninguém tinha interpretado a ontologia da decadência como uma ontologia débil, incompleta, porque os interpretadores continuavam pensando em termos metafísicos do Ser como pensava Heidegger.

No entanto, o pensamento débil em sua atual concepção, inclui justificações políticas, sociais e ideológicas muito claras. O seu livro O Sujeito e a máscara (1974) foi escrito como um manifesto filosófico-político para a nova esquerda democrática e para as pessoas que não somente querem mudar as relações de poder como também a estrutura subjetiva do sujeito. Uma condição não se torna possível e factível sem a outra.

Vattimo sempre prefere uma interpretação niilista de Heidegger,dita esquerdosa, a uma a uma interpretção teológica negativa,direitosa. Esta leva o retorno do Ser no sentido de sua superação da metafísica como uma tentativa com grandes esforços e dificuldades insuperávies e a esquerdosa conduz à resignação, à uma leitura da história do Ser como um natural debilitamento político do mesmo. Em suma, Vattimo justifica essas interpretações assinalando que as diferenças ontológicas servem para por fim à identificação do Ser com entes apenas metafísicos e/ou, alternativamente, à submissão dos seres humanos às férreas engrenagens do tempo, do espaço e da alma, o que resulta em organizaçoes e sociededes totalitátias como Chaplin bem mostrou em Tempos Modernos.

E se tivermos olhos para ver, ouvidos para ouvir e cérebros para pensar e interpretar , poderemos chegar às mesmas conclusões do gênio de Gianni Vattimo à vista das atuais realidades políticas, econômicas e culturais de nosso país.”Et urbi et orbe”

*Franklin Cunha, Médico, Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

VITÓRIA. HOSPITAL REGIONAL DE SANTIAGO RECEBE O CREDENCIAMENTO DA ONCOLOGIA PELO SUS

A notícia fantástica e maravilhosa para todos nós, esperada há meses, foi recebida com festa pelo Dr. Ruderson Mesquita, nosso às da saúde, que empreendeu esta obra maravilhosa sob todos aspectos.

Agora é oficial e confirmado em Brasília: acabou de ser firmado o acordo liberando a ONCOLOGIA para Santiago e mais precioso ainda, também pelo SUS, podendo atender as pessoas que do serviço oncológico necessitam.

Felicidades a todos nós.

Parabéns Ruderson Mesquita.

PRB lança Advogado Cilom Pinto como pré-candidato a prefeito.

PRB se reuniu com o deputado Sérgio Peres e foi formalizado o acordo. O Advogado Cilom Pinto assumiu a pré-candidatura a prefeito pelo Partido e o senhor Ronaldo Schizzi declarou que ainda não tomou a decisão, se vai a vice-prefeito ou a vereador.

A reunião foi no escritório do Dr. Cilom e – queiram ou não – abre a sucessão municipal.

Os republicanos não indicaram se aceitam coligação ou não. A presidência do PRB é do Senhor Paulo Mello (na primeira foto ao lado de Cilom, de roupa preta).

Panem et circenses, comércio de ilusões e perpetuação da miséria

Quem olha o pão e o circo santiaguense, que agora saiu do executivo e se estendeu à Feira, trazendo Leonardo e Luan Santana, deve imaginar que vivemos num paraíso.

Depois da euforia, os cantores e seus empresários vão embora, com o dinheiro do pessoal, que está deixando até de comer ou vendendo objetos de uso doméstico, roupas … para comprar os ingressos.

A cidade continuará com alto índice de desemprego, a saúde continuará no caos, sem medicamentos e sem médicos (exceção ao Hospital), as vilas continuarão sem infra-estrutura, cada chuva que vier as casas serão alagadas, os pobres continuarão cada vez mais pobres, marcados pela miséria e pela desesperança. Só as igrejas evangélicas continuarão cada vez mais florescentes.

Por mais boa vontade que eu tenha, juro que não entendo a lógica dessas feiras. Devo ser muito burro, pois jamais entendi a razão desses shows e os milhares de reais investidos nesses cantores.

Segunda-feira as filas do SINE estarão enormes. As vagas de empregos ofertadas nem de longe correspondem à demanda. Não sem razão as vilas pobres de Santiago são depositárias de mão-de-obra barata e desqualificada. Depois do show e quando cessar o efeito da cerveja, a realidade nua e crua diante dos nossos olhos.

E assim vamos indo, vivendo de ilusões, achando que tais shows trazem felicidade.

Não trazem.

Geram epenas uma euforia do momento. É como ingerir um scstasy. As classes sociais médias, medianas, remediadas e a classe alta continuarão suas vidas. com seus carrões e camionetões, com suas casas suntuosas e apartamentos bem decorados. Os pobres seguirão na miséria, correndo atrás de remédios, passando todo o tipo de privação. Morando em casebres, sem futuro, sem perspectivas e esperando uma nova festa, um novo show, um novo baile, curtindo o Silvio Santos e o Faustão. Há: se deliciando com o Datena e as tragédias … sangue, sempre sangue é o que mais vende.

Esse processo de alienação social coletivo é muito sério. Os organizadores destes eventos sabem perfeitamente que apenas vendem ilusões para as pessoas. Se houvesse empenho de 10% do empenho que fazem estas feiras, para gerar um processo educacional sadio, para equacionar o drama da habitação, da falta de moradias, da miséria e da desesperanças dos pobres, o mundo já seria diferente e o sol seria mais radiante.

Ganhar em cima da miséria e comercializar ilusões para uma sociedade inteira, é algo muito triste, muito triste mesmo.

Não tenho nada contra ninguém, sequer sei quem organiza estas feiras. Não participo disso, quero distância. Apenas faço uma reflexão para dividir minhas angústias no divã coletivo da telemática, onde me expresso porque sei que alguém interage comigo.

Poderia ser cálido?