O futuro do PP de Santiago e o destino de Tiago Gorski … reflexões críticas ao debate

O PP de Santiago já foi alvo de muitos estudos de ciência política justamente pela hegemonia que mantém na sociedade santiaguense.

Em artigo que escrevi em 2002, intitulado A LIGA SANTIAGUENSE DOS METAIS REPUGNANTES, fiz uma longa abordagem acerca desse complexo hegemônico.

Depois, em 2006, no meu livro PAMPA EM PROGRESSO, aprofundei as razões dessa complexidade de domínio que se estende há décadas, rompido apenas duas vezes, em 1955/59 com o governo do médico Rubem Lang e em 1992/96 com o governo do engenheiro Vulmar Leite.

A pergunta que se faz e o epicentro de minha análise é: como um partido político consegue uma sucessão de vitórias ao longo de décadas?

Eu dissequei no meu livro a fórmula pepista de governar. Desde o controle dos movimentos sociais, associações de moradores, clubes de serviços até entidades de lazer e tradicionalismo.

O certo é que o PP tem uma prática de governar com métodos de partidos neopopulistas, com profundas raízes populares e até certo ponto afastado do pensamento da elite dominante na cidade de Santiago.

Existem raízes não identificadas e sempre houve uma produção teórica bem razoável, embora a tradição oral seja maior que a escrita.

E, é claro, governar com o controle da imprensa, embora lembre uma prática leninista e a maoísta, em Santiago não há descuido com isso e nenhum órgão de imprensa hostil se cria, seja também pela asnice da oposição.

Ademais, embora não seja uma leitura visualizável, o controle político de entidades civis como o universidade e o hospital também ocupam o centro das preocupações pepistas.

Contudo, o PP ainda não foi analisado na emergência de um novo contexto, especialmente do avanço científico e tecnológico, ligado a telemática, onde emerge o papel das universidades virtuais que feriram a tradicional forma de ensino presencial da universidade comunitária local. Pari passu emergem também os resquícios dos governos do PT e a criação de universidades públicas federais e institutos federais.

Santiago vive hoje uma contradição enorme, pois resistiu as investidas universitárias dos governos do PT, mas não perdeu o controle político da cidade, fato que ocorre – geralmente – onde os centros universitários são espraiadores de novas ideias e novos horizontes.

Chicão inaugurou uma nova era, dizendo que o novo poderia estar embutido no velho. Ninguém me tira da cabeça a percepção realista e madura de leitura que Chicão tinha de nossa cidade e de nossa gente.

Tempos atrás, lembro-me bem, procurou-me uma repórter da RBS que estava escrevendo uma matéria sobre a incrível hegemonia do PP de Santiago, que vinha reelegendo sucessivamente Marcos Peixoto deputado estadual e sempre elegendo o prefeito de Santiago, foi Toninho, Chicão, Ruivo e agora Tiago.

É claro que o PP de Santiago escreveu as páginas partidárias mais notáveis da política gaúcha, apesar do amargo de duas derrotas consecutivas de Ruivo, 2018 e 2022. Só que a fama continua.

Chicão quando elegeu-se em 2010, fez 43.012 votos. Ruivo, no último pleito, fez 27.808 votos,

Afinal, por que a diferença tão expressiva entre Chicao e Ruivo? São 15.204 votos.

Mas a humildade e a grandeza de Ruivo surpreendem. Eu assisti a um vídeo dele declarando que está se retirando da política, dando lugar a nova geração emergente. Uma atitude impressionante.

Júlio Ruivo é uma pessoa muito preparada, bem estudado, sério, honesto e por que naufragou assim tão discrepantemente com relação a Chicão?

As razões talvez estejam associadas ao carisma de Chicão e suja luz fortíssima. A forma dele encarar a vida, matar as críticas no peito e saber dialogar com todos, sem exceções, suas marcas mais profundas.

É claro que o PP não perdeu sua tradição. Mantém o mesmo azeitamento da máquina, mas o nome que deve emergir, agora, como a grande liderança é Tiago Gorski Lacerda, que será candidato a deputado estadual em 2026.

Tiago tem enorme vantagem sobre os demais: é uma máquina para trabalhar, e, pode arrancar com mais de 20 mil votos dentro de Santiago, como Chicão. Tiago é essencialmente político e muito mais agressivo que Chicão. Tiago faz política até na fila do pão. Diria que é o fiel discípulo do meu livro.

O establishment do PP já percebeu que só Tiago é quem pode retomar os velhos tempos de Chicão. E nisso ele pode promover a velha unidade pepista. Ficará no poder até 2024 e isso lhe dá muita folga. É um homem novo e a oposição não tem concorrente para ele.

O desenho no futuro político de Santiago é bem claro e bem delineado. O nome para 2026 é Tiago e vem com a unidade do partido, pelo menos daquele setor que pegou Chicão.

O PP vem unido em torno de lideranças históricas e parte para uma geração emergente, onde destaca-se muito o nome do Éldrio Machado, que cresceu muito na administração pública ao lado de Piru e Tiago. Éldrio vem crescendo com muita humildade, emergiu como apresentador de comícios, formou-se em Direito e hoje é um dos nomes fortes do PP.

Temo que a história possa estar se repetindo, embora se saiba que a história não se repita, mas os atores e o quadro político são os mesmos. O controle político da cidade é o mesmo. O controle da imprensa é o mesmo, o controle da sociedade civil é o mesmo e a oposição é a mesma … só piorada.

É claro, tudo vai depender da eleição de 2024, mas Tiago apostará tudo em Piru Gorski e esse é outro nome fortíssimo. Lembro-me que Chicão sempre falava que o líder deveria ter carisma e luz própria.

O desenho no horizonte de Santiago é mais ou menos esse.

Veremos.

Municípios podem exigir utilização de sacolas biodegradáveis. Em decisão sobre lei de Marília (SP), o Plenário do STF entendeu que os municípios têm competência para editar leis sobre proteção ambiental.

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a constitucionalidade de lei do Município de Marília (SP) que exige a substituição de sacos e sacolas de plástico por outras de material biodegradável. A questão foi discutida no Recurso Extraordinário (RE) 732686, com repercussão geral (Tema 970), e a solução será aplicada a, pelo menos, 67 processos com controvérsia similar que estão sobrestados.

O recurso foi interposto pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça local (TJ-SP) que invalidou a lei municipal, por entender que, como já há lei estadual sobre proteção ambiental que não define os tipos de sacolas que podem ser usados, não caberia aos municípios legislar de maneira diversa.

Problema ambiental

Em seu voto, o relator, ministro Luiz Fux, destacou a preocupação mundial com a redução da utilização de plásticos, em razão dos problemas ambientais relacionados à poluição e à sua baixa taxa de reciclagem. A seu ver, a norma é compatível com a Constituição Federal, e os municípios têm competência suplementar para editar leis tratando de proteção ambiental.

Interesse local

Ele observou, ainda, que a matéria, por estar ligada ao gerenciamento de resíduos sólidos, é de interesse predominantemente municipal. Além disso, ponderou que a norma municipal não se opõe à lei estadual sobre o assunto. “Ela é apenas mais protetiva”, afirmou.

Fux também afastou a alegação de inconstitucionalidade formal, porque a lei foi proposta por um vereador, e não pelo prefeito. Ele explicou que, como a norma não trata da estrutura do município nem de carreiras de servidores, a iniciativa não é exclusiva do chefe do Executivo.

Eficácia

Por maioria, prevaleceu a proposta de modulação formulada pelo relator, para que as empresas e os órgãos públicos afetados pela norma municipal tenham 12 meses para se adaptar à proibição, contados a partir da data de publicação da ata do julgamento. Ficou vencido, nesse ponto, o ministro Ricardo Lewandowski, que votou pela eficácia imediata da decisão.

Tese

A tese de repercussão fixada foi a seguinte: “É constitucional, formal e materialmente, a lei municipal que obriga a substituição de sacos e sacolas plásticos por sacos e sacolas biodegradáveis”.

PR/CR//CF

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