Um pastor e músico norte-americano que chamou o novo coronavírus de “histeria coletiva” foi uma das vítimas de covid-19 nos Estados Unidos. Segundo a ABC, ele morreu devido a complicações da doença anteontem, na Carolina do Norte. Landon Spradlin, de 66 anos, da Virgínia, acreditava que a covid-19 não era tão perigosa quanto está sendo noticiada pela mídia e que os veículos usavam a doença para atacar o presidente Donald Trump…. – Veja mais em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/27/pastor-morre-coronavirus-histeria.
Um dos médicos mais respeitados do Brasil, Raul Cutait teve uma piora em seu quadro de saúde. O cirurgião gástrico do Hospital Sírio-Libanês precisou ser entubado na manhã deste domingo, 29. Ele está em estado grave na UTI. Cutait foi internado no dia 27 com Covid-19. Com 70 anos de idade, ele tem entre seus pacientes Lula, Michel Temer e Dilma Rousseff.
Antes, uma introdução. No começo da pandemia o governo do Reino Unido havia decidido apostar em uma estratégia de “imunidade de massa”, que consistia em não tomar medidas restritivas; em vez de parar o país, deixariam que o vírus infectasse a população de modo que rapidamente as pessoas pudessem ficar imunizadas.
Porém, o governo do Reino Unido desistiu dessa ideia quando uma equipe de especialistas epidemiológicos do Imperial College of London apresentou uma previsão de como se desenrolaria a disseminação do COVID-19 em diferentes cenários de contenção para o Reino Unido e para os Estados Unidos. Para elaborar essa previsão, utilizaram dados de contágio, estatísticas de hospitalização e óbitos vistos em outros países, estudaram como o vírus se dissemina em diferentes ambientes etc..
Como um breve resumo: se circular livremente, o vírus tem a capacidade de infectar cerca de 80% da população geral em um período muito curto. Das pessoas infectadas, cerca de 20% precisam de hospitalização, 5% dos casos são críticos e precisam de UTI e suporte respiratório, e cerca de metade dos casos críticos vêm a óbito.
No entanto, o súbito aumento de casos ultrapassa a capacidade do sistema de saúde, gerando colapso, e disso resulta um número muito maior de mortes — de covid-19, assim como de outras causas — simplesmente porque não há hospital para tratar todas as pessoas que precisam.
Segundo a previsão, se não houver restrições nos contatos, no mundo inteiro seriam 7 bilhões de pessoas infectadas com covid-19 e 40 milhões de mortes neste ano.
Os números previstos por esses estudos fizeram com que governos desistissem das posturas mais relaxadas e tomassem as medidas mais restritivas para evitar o colapso do sistema de saúde e um número muito maior de mortes.
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Ontem, no dia 26/03/2020, o Imperial College of London soltou números previstos para os desfechos da pandemia em todos os países, nos cenários sem intervenção, com mitigação, e com supressão.
Mitigação envolve proteger os idosos (reduzir 60% dos contatos) e restringir apenas 40% dos contatos do restante da população.
Supressão envolve testar e isolar os casos positivos, e estabelecer distanciamento social para toda a população.
Supressão precoce – implementada em uma fase em que há 0,2 mortes por 100.000 habitantes por semana e mantida
Supressão tardia – implementada quando há 1,6 mortes por 100.000 habitantes por semana e mantida.
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No Brasil os cenários previstos são os seguintes:
Cenário 1- Sem medidas de mitigação:
População total: 212.559.409
População infectada: 187.799.806
Mortes: 1.152.283
Indivíduos necessitando hospitalização: 6.206.514
Indivíduos necessitando UTI: 1.527.536
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Cenário 2 – Com distanciamento social de toda a população:
População infectada: 122.025.818
Mortes: 627.047
Indivíduos necessitando hospitalização: 3.496.359
Indivíduos necessitando UTI: 831.381
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Cenário 3 – Com distanciamento social E REFORÇO do distanciamento dos idosos:
População infectada: 120.836.850
Mortes: 529.779
Indivíduos necessitando hospitalização: 3.222.096
Indivíduos necessitando UTI: 702.497
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Cenário 4 – Com supressão tardia
População infectada: 49.599.016
Mortes: 206.087
Indivíduos necessitando hospitalização: 1.182.457
Indivíduos necessitando UTI: 460.361
Demanda por hospitalização no pico da pandemia: 460.361
Demanda por leitos de UTI no pico da pandemia: 97.044
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Cenário 5 – Com supressão precoce
População infectada: 11.457.197
Mortes: 44.212
Indivíduos necessitando hospitalização: 250.182
Indivíduos necessitando UTI: 57.423
Demanda por hospitalização no pico da pandemia: 72.398
Demanda por leitos de UTI no pico da pandemia: 15.432
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Faço algumas observações:
Os próprios autores do estudo comentam que modelaram essas curvas com base nos padrões de dispersão dos países ricos e que nos países pobres os resultados da pandemia podem ser piores do que o previsto. Esses números previstos não levam em conta a existência de favelas, comunidades sem abastecimento de água e/ou saneamento, entre outros complicadores que temos no Brasil.
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É preciso comentar que os números reais da pandemia no Brasil, seus casos e óbitos, estarão amplamente subnotificados devido à falta de testes e demora nos resultados. As estatísticas oficiais publicadas pelo Ministério da Saúde mostrarão apenas a ponta do iceberg.
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Mesmo nos melhores cenários, lentificando a transmissão e aumentando os recursos do sistema de saúde, deve faltar UTI e respirador para parte dos doentes.
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Em resumo, a diferença entre ficarmos todos em casa (supressão) ou adotar uma estratégia mais branda de mitigação e proteção apenas dos grupos de risco pode ser da ordem de MEIO MILHÃO de vidas.
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Os diversos relatórios estão disponíveis no site do Imperial College of London: https://www.imperial.ac.uk/mrc-global-infectious-disease-analysis/news–wuhan-coronavirus/?fbclid=IwAR0GeexFNu6ezOVclPBVW5x3Z3yOn5N1X6siDO5P7ezUOm_UwOUu31RBoAY
Link para o trabalho “The Global Impact of COVID-19 and Strategies for Mitigation and Suppression”: https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-Global-Impact-26-03-2020.pdf
As tabelas com os números oferecidos constam no apêndice: https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-Global-unmitigated-mitigated-suppression-scenarios.xlsx
A crise mundial deflagrada a partir do coronavírus gerou as bases de uma nova era. De um lado, um debate quase histérico entre as medidas preventivas (isolamento, distanciamento …) e, de outro, a necessidade de manter as economias aquecidas evitando colapsos financeiros e sanitários. Mas, também, colocou em xeque os pressupostos teóricos do debate entre a social-democracia e o neoliberalismo. É evidente, na esteira da pandemia mundial, onde os sistemas de saúde entraram em bancarrota, pela concepção do Estado mínimo, redução de investimentos em saúde, por exemplo, que as teses intervencionistas da social-democracia, socialismo e até comunismo de Estado (o caso da China) ganham uma força incrível. A direita mundial, que se confunde com o liberalismo econômico, perde espaço na mesma proporção do avanço do vírus. Friso, que sou avesso ao maniqueísmo, pois é factível a direita ser interventora. Aí estão os exemplos de Israel e Japão.
Agora, no auge
da crise, mesmo a direita e os liberais, incluindo aí os neoliberais, adotam
medidas de socorro de dinheiro para as famílias, gostem ou não, exatamente
dentro da proposta de renda mínima defendida no Brasil pelo ex-senador Eduardo
Suplicy.
O discurso
de direita, liberal e neoliberal, a rigor, tenta minimizar os estragos do vírus,
e toda narrativa é no sentido de que as pessoas (eventuais mortes) vêm antes da
economia. Nesse aspecto, pode-se dizer, claramente, que o discurso de esquerda
interventor já domina a cabeceira dos principais chefes de Estado e de Governo
do mundo inteiro. (É claro que também existe esquerda liberal na economia).
JOGOS E DILEMAS
O primeiro
dilema é uma discussão acerca do que antecede o que. O isolamento quebra a
economia e logo estará instalado o caos social. O discurso do Presidente
Bolsonaro é nesse sentido. No outro polo das narrativas e das construções discursivas, aparece um outro
discurso, de esquerda e intervencionista, que defende que o Estado deve pagar o
custo da pandemia e bancar o isolamento.
Fica
evidenciado, a factibilidade de dois discursos bem nítidos. Um, representa a
direita liberal e, o outro, o socialismo e a social-democracia.
No momento
em que Trump e Bolsonaro cedem à concessão de auxílio do Estado, fica
evidenciado a preponderância nítida das teses intervencionistas. Pode-se dizer,
nesse espectro ideológico, que há uma nítida vitória dos intervencionistas de
esquerda, embora a totalidade do povo sequer saiba discernir um espectro do
outro.
DILEMA REAL
Os países
ricos e industrializados da Europa ardem o custo de retirada do Estado da
economia. Quem sempre defendeu um sistema de governo forte e interventor,
especialmente a esquerda, já ganhou esse debate, e, por consequência, arrastará
amplas camadas e extratos populacionais para o campo de esquerda. A direita já
perdeu esse debate e o neoliberalismo, desde o consenso de Washington, foi
nocauteado pelo coronavírus. É claro, atrás deste debate vem à questão da
educação e da pesquisa, onde se travam os mesmos enfrentamentos. Habitação,
qualidade de vida, saneamento, será a pauta dos confrontos mundiais.
A China comunista e a Cuba de Fidel e Tchê Guevara aparecem como redentores de uma Europa de joelhos, especialmente a Itália, Reino Unidos, Espanha, França … Nem vamos falar no leste europeu.
O vírus
expôs a fragilidade dos sistemas de saúde dos países liberais e neoliberais.
Médicos cubanos e chineses socorrem a população europeia, que sempre os
hostilizou. Caiu o charme da França, os italianos estão em pânico, os espanhóis,
enfim, não só a Europa, mas os duzentos e seis* países do mundo e suas
diferentes nações**.
(*A ONU
reconhece 193 países. Desde que eu cursei Demografia e População e
Desenvolvimento, no curso de Sociologia, 1986, já havia essa imprecisão e se
estende até nossos dias.
**Dentro de
um país podem existir várias nações. Embora, o inverso também seja verdadeiro
(pode existir uma nação em vários países).
DA SOCIOLOGIA A TEOLOGIA
Até aqui fiz
várias incursões analíticas e brevemente comparativas, para traçar um paralelo
do embate ideológico (na acepção gramsciana) que existe em torno dos sistemas
de saúde no mundo, todos desfigurados e abalados (com raras exceções) pela pandemia
do coronavírus.
Entretanto,
o debate que sempre existiu entre a Medicina e a Ciência, inclusive no Direito,
é relativo à cura divina. Sinceramente, todos nossos pastores e teólogos,
especialmente evangélicos, ganharam asas em cima da cura divina. Eu sempre vi
pessoas sendo curadas de câncer, de AIDS, demônios sendo expulsos das pessoas
… E agora, vejo os pastores rendidos, impotentes, de joelhos, derrubados por
um vírus. Ora, quem expulsa um demônio e cura um câncer, também pode expulsar
um vírus? Ou não? Agora vão dizer o que para os fiéis? Que o vírus é um demônio
diferente?
Eu, que
acredito em cura divina, sou obrigado a questionar, por que não expulsam o
coronavírus?
Quem vê o Missionário R.R. Soares, pregando de máscara, justamente ele, que sempre curou doenças, em nome de Jesus, por que não faz o mesmo com o vírus? Se um corpo é mesmo ungido, fechado, não tem essa de vírus.
Olha, o
pós-pandemia vai colocar em xeque, no mundo inteiro, não só formas e sistemas
de governos, mas também as concepções religiosas. A menos que surja, nesse
interregno, alguém capaz de expulsar o vírus pela oração. Senão, a sensação que
todos vão ficar é que as curas divinas são blefes. E aí caem os edifícios
teóricos das bases teológicas (e ideológicas) de todas as religiões, da Índia
aos EEUU.
A CULPA É DO ANTI-CRISTO
Bem, o discurso mais empregados nos dias atuais é que a pandemia é parte do cumprimento das profecias bíblicas e estamos em pleno Apocalipse (restringindo o debate apenas para o nosso meio cristão-judeu). Será o vírus o próprio Anti-Cristo ou ele está apenas pavimentando as bases para a vinda ou volta*** do Messias?
(Em Israel é
grande o movimento pela construção do terceiro templo no Tomo da Rocha, em
Jerusalém, de onde o Messias dos Judeus vai reinar na face da Terra. Os judeus
não acreditam que Jesus é o Messias, a despeito de Jesus ser judeu).
GOVERNANTE MUNDIAL
Os cristãos, católicos, evangélicos, ortodoxos … dizem que o messias judeu governaria o mundo a partir do terceiro templo, aliás, até a coroa do messias está pronta.
Absurdo por
absurdo, teorias de conspirações, verdade ou mentiras, a capa da Folha de São
Paulo, dessa madrugada, sustenta que falta um governante mundial.
LÍDER MUNDIAL
Existem centenas
de matérias, filmes, escritos, etc … onde o Papa Francisco realmente diz o
líder mundial será apresentado ao mundo dia 14 de maio de 2020.
Isso sempre
me pareceu absurdo, até porque não existiam condições objetivas e subjetivas de
um pacto global de governantes para aceitarem uma única liderança mundial. Agora,
nessas alturas, nem eu duvido.
EXTERMÍNIO DE PARTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL
Então os Iluminattis e as teses das Pedras da Geórgia não são tão absurdas como se imaginava? Os caixões da FEMA, as cidades-cavernas nos EEUU, tudo faz sentido?
Custo a
crer, mas começo a ver algum fundamento.
Vou reler
Saramago e a cegueira na madrugada de isolamento.
O PÓS-CORONAVÍRUS
Acabou o
debate sobre pós-modernidade e era termo-nuclear. O debate que pautará a
imprensa, cientistas, filósofos, sociólogos, teólogos … será o
pós-coronavírus.
O ARMAGEDON não será nuclear, será virológico.
Alguém se
atreve a fazer uma previsão?
Quando o curso da curva será decrementista? Haverá cura? Haverá uma vacina? Quantas pessoas vão morrer? Qual o destino dos infectados?
Estamos
navegando na imprevisibilidade.
Especulações:
é o que mais pauta quem se atreve a
fazer este debate; o certo é que tudo é incerto. Ninguém sabe até onde vamos
morrer, até onde haverá cura e quais as consequências para os países do mundo após essa pandemia.
Se nada
sabemos, exceto suposições, sobre a intervenção do Estado na economia, liberalismo
ou social-democracia, futuro dos países, não somos, da mesma forma, capazes de
prever o futuro das religiões, das crenças e seus pressupostos ideológicos
(claro, teológico está como elemento superestrutural dentro da ideologia).
PERGUNTAS
Muitas
perguntas permanecem sem respostas.
– O Papa
sabia o que estava dizendo ao afirmar que um líder mundial será apresentado ao
mundo dia 14 de maio de 2020?
– Existirá
uma conspiração mundial para a eliminação de parte da população do planeta?
– Diante de
tudo isso, esse vírus é muito mais que os cientistas conseguem descrever, ou
será apenas uma gripezinha?