Guerra de torcidas .. perdeu a seriedade

A política nacional perdeu a seriedade de vez. O ato de ontem é o melhor exemplo.

Virou guerra de torcida e perdeu a seriedade.

Não vejo demérito em apresentar a realidade. E não iludir a militância é o basilar em qualquer atividade política salutar.

O Professor Paulo Girhaldelli, quem eu reputo sério, falou que tinham 20 mil pessoas na paulista. Eu assisti ao youtuber do Tio Lu e ele falou que tinha mais de um milhão.

Li, sobre a mesma avenida paulista, que ali tinham 50 mil, 200 mil, 500 mil e até um milhão. Depende do jornalista, do youtuber, do veículo de comunicação. O R7 aumentava tudo. O globo tentava minimizar. E os blogueiros e youtubers estes sim … cada qual tem menos compromisso com a verdade. Querem é jogar para a torcida.

O resultado é que vivemos de ilusão. Não há seriedade.

Cada qual acredita NA MENTIRA QUE QUISER.

Sou amigo de bolsonaristas e hahhadianos. Sinceramente, não vejo os bolsonaristas assim tão arrependidos como os petistas falam. Existe muito barulho. Mas acreditei que o Bolsonaro estava morto e não foi nada disso que assistimos em todo o País.

Aqui em Santiago, o ato pró-Bolsonaro foi pequeno, mas o #Elenão não foi maior.

A manifestação do PT, DIA 30, será grande. Será mesmo.

Veremos a mesma novela.

Quem é Bolsonaro continua Bolsonaro. Senti bem isso no dia de hoje. O ideal era parar o ufanismo, dos dois lados. Eleição se ganha na urna.

O dilema do PP e a exoneração de Gisele Ribeiro

É estranho o silêncio sepulcral que reina em cima da saída da Sra. Gisele Ribeiro da secretaria municipal de Saúde. Até parece que ninguém sabe, ninguém ouviu falar. Aí reside o impasse: o furo é muito, muito, mais embaixo.

Gisele é esposa do maior líder do PP de todos os tempos. Júlio Ruivo foi vereador duas vezes, vice-prefeito duas vezes, prefeito duas vezes, médico-veterinário formado pela UFSM,pós-graduado latu senso em gestão pública e Mestrado minter na mesma área UFRGS/URI. Afora ser um líder, é também o mais estudado. Não fez esses mestrados frios na Argentina, que têm aulas duas vezes ao ano.

Candidato a deputado estadual pelo PP, em 2018, amargou uma dura derrota e ele próprio desencadeou um auto-questionamento. Errôneo, ao meu ver.

Júlio Ruivo foi um bom prefeito, fez uma gestão talentosa e competente. Ademais, é um ser humano decente, gente muito boa, parceiro e amigo, democrata, sensato e sensível. Porém, o PP não quis me ouvir quando eu anunciei que Ruivo despencava na votação para deputado estadual. Com candidato a prefeito, em 2012, Ruivo fez significativos 18.125 votos, ou seja, 63.20% do eleitorado de Santiago. Estava no mesmo nível de prestígio do saudoso Chicão, era e é seu herdeiro natural. Já na eleição de 2018, dentro de Santiago, caiu para inexpressivos 12.376 votos, ou seja, 43.26%. Caiu 20 pontos percentuais.

Por que o decremento?
Ora, Júlio Ruivo fez um excelente governo, nunca se ouviu falar em falcatruas, foi um prefeito decente, honrado, não dava em cima das servidoras, respeitava as famílias, honrava a sociedade.

Mas, então, o que houve com o PP que seu cerne foi assim tão rejeitado?

Júlio Ruivo, em sua pureza e bondade, invocou a culpa do insucesso eleitoral a si mesmo.Um erro: não foi isso.

Quantas vezes eu escrevi que Júlio Ruivo seria afetado pelo péssimo governo de Tiago Lacerda?

Dezenas de vezes. Júlio Ruivo apenas foi prejudicado pelo governo de Tiago e os elevados índices de rejeição. Nem de longe Bianchini tirou seus votos. Quem é PP é PP. A verdade é que a votação do PP encolheu.

Agora, quando todos começam a cogitar nomes para sucessão de 2020 o nome de Ruivo, excelente gestor, Tiago é bebezinho perto dele, surge o nome de Ruivo com muita força.

Todos sabem que Ruivo tem mais qualificação, mais preparo, mais experiência, e não quis fazer um governo com gente de fora, governava com os seus, era leal e fiel ao PP.

Tiago inaugurou um estilo novo de fazer política. Populista, não fez nada para mudar a matriz econômica de Santiago, grassa a miséria nas vilas, ninguém tem emprego, as finanças públicas são um caos e para dar uma remediada no ano que vem, contraiu um empréstimo milionário na Caixa Econômica Federal, a conta é a sociedade santiaguense quem vai pagar. Tiago é uma aposta de alto risco. Até Bianchini pode derrotá-lo, e, se for Guilherme Bonotto, suas chances se tornam remotas. A única saída do PP é apostar na divisão das oposições.

Como Júlio Ruivo cresceu barbaramente nos últimos dias e os convencionais do PP – nitidamente – preferem o ex-prefeito, Tiago agiu.

Gisele Ribeiro, na pasta da saúde, é uma visível ameaça aos planos de Tiago, afinal é esposa do excelente ex-prefeito.

Tiago sabia que exonerando Silvana Perônio provocaria uma cisão na saúde. Não deu outra. Quebrou o pau. Existem duas versões, ou Gisele foi exonerada ou exonerou-se.

Tiago deve ter lido Maquiavel e está agindo como Stálin, eliminando os companheiros/adversários, mesmo que sejam do próprio partido, cortando na própria carne.

A convenção será uma caixinha de surpresas. Tiago quer controlar o diretório com unhas e dentes. Júlio Ruivo tem uma fatia expressiva consigo. Eu sei com quem está Rodrigo Gorski, meu querido amigo e filho de Chicão.

A situação é de um brete. Tiago pode até ganhar a convenção, mas o PP perderá a eleição. A única chance de o PP seguir o legado de Chicão é com Ruivo.

As cartas estão postas, é fazer uma boa escolha ou entregar a prefeitura para a oposição.

Quem não entender tudo isso, não entenderá o que está por trás da saída de Gisele da pasta da saúde e nem da exoneração da mega-psicóloga Silvana Perônio.

A DIGNIDADE INTANGÍVEL DO ESPAÇO FANTASMÁTICO, por Franklin Cunha*

A violência nas redes sociais destrói as pessoas .É preciso lembrar que cada pessoa tem uma dignidade intangível, que não pode ser tirada.

Papa Francisco

 Franklin Cunha. Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br

Operação Yakuza é um filme de 1974 estrelado por Robert Mitchum, cara de sonso e ótimo ator. O filme retrata o conflito entre os tradicionais valores japoneses durante a transição do país desde a ocupação norte-americana ao sucesso econômico do começo dos anos 70. Mitchum interpreta um detetive norte-americano que se apaixona por uma linda japonesa, supostamente vivendo com seu irmão. Com o tempo Mitchum descobre que o irmão dela era na verdade seu esposo, o qual necessitava a ajuda do americano e temia perdê-la se interrompesse o intenso episódio amoroso que se desenrolara sob seus olhos. Quando o norte-americano descobriu e reconheceu o sofrimento e a humilhação que sua paixão causou, se desculpou com um gesto tradicional japonês: amputou uma falange do dedo mínimo e a entregou enrolada num lenço ao marido traído que tudo suportou em silêncio.

Com este gesto, o amante da japonesa, dignamente lamenta a terrível humilhação e o grande sofrimento causados por ignorar a dignidade intangível do marido japonês. O que confere dignidade às pessoas é seu vital e particular espaço fantasmático e deste nunca poderemos compartilhar e muito menos invadir. Há uma maneira absolutamente pessoal, na qual cada um de nós organiza seu subjetivismo e sonha o mundo e este espaço tem um caráter ilusório, frágil, desamparado.

Foi Richard Rorty quem transportou este tipo de preocupações para o nível social, coletivo. E pergunta de que modo, sobre que bases poderemos construir uma ética democrática liberal, para os cidadãos comuns, empobrecidos depois do fracasso das políticas neoliberais nos países pobres? Como poderemos reconstruir sem traumas pessoais e coletivos, sem destruir o espaço fantasmático pensado pelo keynesianismo, que foi o da ideia de prosperidade ilimitada, de liberdade política, de segurança pessoal, de estabilidade no trabalho, depois das recorrentes e inerentes crises estruturais do capitalismo?

Hoje, vislumbram- se no horizonte da política e da economia mundiais, duas soluções – e apenas duas – para a manutenção do espaço fantasmático baseado nas leis do mercado empreendedor e competitivo: uma a via democrática, de consenso plebiscitário, de liberdades de opiniões e de amplo debate de ideias, e a outra o contrario de tudo isso, imposta por ditaduras concentradoras de renda e excludentes das populações que trabalham e produzem a enorme riqueza a mundial.

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*Franklin Cunha, médico.
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.