Por que eu como mandioca?

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*Júlio César de Lima Prates

Eu nasci em meio a um mandiocal. Meu pai sempre plantava-as e eu, desde criança, fui um exímio comedor de mandiocas.

Sempre quando almoço fora, minha festa é quando tem mandioca. Nesses dias de crises, sem poder advogar, fechado em casa, não tenho outra alternativa a não ser cozinhar.

Então, eu cozinho uma panelada de mandiocas, frito dois ovos e faço um arroz básico; raramente como carne e quando como é só frango ou peixes. Raramente como carne vermelha.

Minhas refeições são absolutamente simples e meu modo de comer é mais simples ainda. Sempre fui assim, desde criança sempre comi o que tinha, nunca escolhi comida. Lembro-me, a noite, às vezes. a Nina inventava de comer coxinhas; eu saia e comprava-as, nunca deixei faltar nada para minha filhinha. Ademais, em casa, sempre cozinhava para ela, que adorava as sopas que eu fazia.

Hoje, vivo sozinho. Cuido-me, porque não tenho outra escolha. Passo boa parte do tempo encerrado em casa e para me manter: como mandiocas.

Mandioca é rica em potássio e tem muitas fibras, e é, pari passu, um  alimento tri de bom  para o coração. Ademais, a riqueza em  potássio regula os fluídos e alivia a tensão nas artérias e nos vasos sangüíneos. Vejam, queridos leitores e leitoras, a riqueza que advêm da simples comilança de uma mandioca.

Eu escrevo, geralmente, até as 3 ou 4 horas da manhã. Também pesquiso muito e estou ajudando a montar um arrojado estúdio de multimídia.

Converso a noite com meus amigos e amigas, E os assuntos são os mais variados, mas falamos sempre sobre GAZA, Rafaf, a questão palestina, eleições nos EEUU e muitas pessoas trocam ideias comigo; os evangélicos, sempre assustados com a volta iminente de Jesus, só me cansam e tenho que explicar a cada um deles que não acredito em profecias malucas, sequer sei se temos mesmo uma alma e um espírito.

Confesso que, hoje, transito entre o agnosticismo e o ateísmo, acho que sou um pouquinho de cada um, sem uma definição pronta, aliás, não gosto de nada pronto e aprecio as questões abertas da vida. Especulações não são certezas e certezas, em termos de religiões, convenhamos que não existem. Certeza, só tem quem não domina bem os arquétipos ou está numa religião por conveniência.

Na dúvida, prefiro comer mandiocas. E assim vou tocando a vida. Dia 06 terei minha segunda audiência com a Dra. Cecília Laranja Bonotto, uma juíza criminal a quem eu respeito muito e admiro sua inteligência e sagacidade. Agora, vou defender um arquiteto bem famoso. Audiências de clientes meus, pois as minhas não contam, são cavacos do ofício.  Um dia, o saudoso Paulo Henrique Amorim disse que o jornalista com menos de cem processos não era um bom jornalista; ele andava na casa dos mil e poucos.

Não sem razão o STF decidiu sobrestar todos os processos que tinham conflito constitucional entre os artigo 5º, X,  e o 220, ambos da CRFB/88. O conflito entre os 2 artigos é evidente que até uma menina como a NINA, com 13 anos, sabe entender que não existe prevalência de um artigo sobre o outro e os dois são conflitantes entre si, pois um diz uma coisa que colide com o que diz o outro. Daí o surgimento do paradigma constitucional.

Aqui em Santiago, as pessoas se assustam com os processos de um jornalista que escreve. Mas a vida é assim mesmo. Gustave Flaubert foi parar nos tribunais da França por causa de seu livro Madame Boravy(foto) e o preconceito de que todas as mulheres da França seriam igualadas a EMMA BOVARY, esposa do médico Charles Bovary. Realidade é uma coisa e arte é outra, disse ele em sua defesa.

Agora, com a modernidade, embora meu blog tenha completado 22 anos, acho que vou migrar para uma nova forma de comunicação. Esperemos pela hora certa.

Enquanto espero o tempo passar, sem medo de ficar gordo, como mandiocas a noite, a tarde e em todas as horas. Basta eu estar em casa, se é que posso chamar de casa meu modesto refúgio, de onde anoto o que vejo no mundo e debato numa estranha interação com as pessoas, sendo que sou lido em mais de 60 países e firme mais em SP e RJ, assim como nos Estados maravilhosos do Nordeste, e vou tocando a vida, comendo mandiocas, cozidas e depois torradas levemente.


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro de Editor Internacional  nº 908 225, Sociólogo e Advogado inscrito na SA OABRS sob nº 9980.

 

 

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